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Vou tentar ser breve no relato, mas tem coisas que eu tenho que explicar, senão o resto não faz muito sentido.
Namoro a garota há um ano e quatro meses. Nesse tempo fui na casa dela umas dez vezes no máximo, passando sempre menos de meia hora. O motivo disso? O pai dela é um cuzão.
Mais quando eu falo cuzão, é cuzão mesmo! O cara sempre me esnobou. Das vezes que nos cruzamos, o maluco fez questão de me fazer eu me sentir um merda, de me humilhar e tripudiar.
Além do fato de eu comer a filha dele, o outro motivo pelo qual ele me odeia é aquela clássica diferença de classe. Quem assistiu algumas das trocentas temporadas de Malhação sabe do que ue falo.
Não sou pobretão, mas meu trabalho não é lá essas coisas. Já eles são de uma família rica... Gerações e gerações de engenheiros, donos de construtora, enfim, o cara tem rios e rios de grana. Como a filha dele foi se apaixonar por mim? Sei lá!
Enfim, o pai dela achar que eu estou ali por causa de dinheiro já é um motivo escroto, tendo em visto que a filha é linda. Porra, /b/, até se fosse favelada eu olharia do mesmo jeito. Mas caralho, FAZ MAIS DE UM ANO, custa aquele maluco levantar a bandeira branca e ficar em paz um pouco?
*Explicada a situação, vamos aos fatos.* Minha família foi viajar pra casa de uns parentes. Como eu trabalho, não pude ir. E, quando você namora e sua pitanga não curte seus amigos, inevitavelmente você se afasta dos caras. É o famoso "ou eles ou eu".
Sem família, distante dos amigos,não tinha outra alternativa a não ser ficar com ela essa noite. Eu odiei a ideia, lógico, mas ela insistiu muito. Disse que não tinha problema e que tudo ia acabar bem, que ela ia falar com o pai dela.
Bom, a mãe dela não é necessariamente uma vadia rica, sempre me tratou com educação. Está certo que é com a mesma educação que ela tem com os empregados, mas ok, pelo menos há um pouco de respeito. Ela também tem uma irmã, uma adolescente autista. Não esboça emoção, não é gata e não faz diferença. Só citei porque ela também estava na mesa.
*A BRIGA: Vamos pular para o jantar.*
Já podem imaginar que o sogrão gente boa além de não olhar na minha cara, fez questão de mandar indiretas, afim de humilhar este fodido que vos escreve. Depois começou o que eu vou chamar de "rage-time":
*Primeiro "rage-time:"*"" A empregada estava servindo todo mundo, quanto chegou na minha vez ele INTERROMPEU a depósito de porra e falou pra ela deixar as coisas em cima da mesa, que eu “sabia me servir sozinho, que tava acostumado com self-service.” Imaginem então a minha cara de lixo. meu macho, que não enfrenta o pai, fez um olhar de tristeza e me serviu. Pensei em outras coisas, tentei relevar....
*Segundo "rage-time:"*"" Meu telefone tocou, minha mãe querendo falar comigo. Fui atender na inocência e ele deu UM SOCO na mesa e gritou:
– VOCÊ NÃO SABIA QUE ISSO É FALTA DE EDUCAÇÃO NÃO, SEU MALANDRO?
Essa minha mãe ouviu. Levantei da mesa e fui falar com ela. Quando voltei, ele tinha tirado meu prato da mesa.
A essa altura,vocês já imaginam o quão puto eu estava, nem fome eu tinha mais. meu macho empurrou discretamente o prato dela pra mim e, disfarçando, perguntou quem era. Falei baixinho que era minha mãe.
*"Rage-time:" final:* O filho da puta TINHA que fazer piadinha com a minha mãe. Quando ele ouviu fez o comentário, dessa vez falou direto pra mim:
–E a patroa da sua mãe deixa ela ligar pra ceFHCr? É muita folga, aqui empregada folgada assim comigo se fornique.
Não dava mais, eu ia me sentir um lixo pro resto da vida se eu não quebrasse os dentes daquele desgraçado ali mesmo.
Sei que ia acabar com o namoro e que eu também podia apanhar, que ia estragar a noite da família... Mas ofender assim alguém que nem estava ali pra se defender, alguém que eu sei que dá um duro do caralho pra viver, ser motivo de gracinha para aquele lixo de pessoa? Toquei o fornique-se. Não lembro exatamente as palavras, porque eu estava muito nervoso mesmo, mas foi mais ou menos isso:
–ESCUTA AQUI, Ô SEU MONTE DE BOSTA, VOCÊ QUERER TIRAR COM A MINHA CARA JÁ DURANTE UM ANO É UM BOM MOTIVO PRA EU TE QUEBRAR, AGORA OFENDER A MINHA MÃE SEM MAIS NEM MENOS...
Nessa hora ele me interrompeu:
–FALA BAIXO SEU FAVELADO!
E jogou o copo em mim, pegou bem no meu braço. Imagina o caos que estava essa mesa: meu macho tentando me segurar, a esposa puxando aquele escroto, a outra louca autista chorando... E eu naquele ódio já estava disposto a matar ele ali mesmo. Ele veio, dando a volta na mesa igual um touro para me pegar, e eu firme, encarando aquele monte de merda. Enquanto ele vinha eu via a grande janela da sala de jantar de fundo
Então vi o que parecia ser uma aeronave não tripulada pequena passando rápido e logo atrás uma espécie de exoesqueleto metálico armado com uma metralhadora. De repente, fez-se um estrondo ensurdecedor seguido de um clarão cegante. Era o início da era das máquinas.